Tristeza de estimação
Se pra fazer um samba é preciso um bocado de tristeza, estou pronta pra fazer um samba. Eu não sei o que a trouxe, mas ela não me deixa, e vira e mexe eu pergunto se ela quer um chá.
O budismo ensina que devemos ser sempre positivos, não lamentar. Acredito nisso e não acho que estou lamentando, apenas sentindo. Esse texto me expõe um pouco, mas eu sinto a necessidade de escrevê-lo.
Tive uma infância linda, não tenho traumas, a depressão veio depois dos 24 anos. O que desencadeou? Não sei, ainda me faço essa pergunta. Porém, me sinto feliz. Ser feliz não é a ausência de problemas, nem de dores, a felicidade absoluta é feita nunca desistir e se fortalecer a cada dia. Sim, é assim que penso, não sou da coitadolândia para abrigar um modo de vida triste.
Uma dorzinha no peito que lateja, queria mas não consigo chorar. É como se eu esperasse o que não vai vir. Talvez isso seja uma crise de meia idade. Tem algo mais milenial do que ser nostálgico?
Quem dera se eu, daqui a algum tempo, viesse contar para vocês a minha vitória absoluta, e que a tristeza me deixou.
Me espelho em Clarice Lispector ao escrever a beira de sua morte em “A hora de estrela”(quanta pretensão minha). Como ser triste é morrer um pouco, no entanto escrever me devolve à vida.